terça-feira, 27 de julho de 2010

Olhares pra mim.

Enquanto muitos olhos me vêem sem dizer nada. Enquanto muitos verdes são belos e que por mais belos, os azuis soam como o mel que explode das jabuticabas. O teu não tem cor. Mas me diz tudo e enxerga-me tão bem quanto eu não me posso imaginar. Despi-me dos cabelos às veias que me irrigam. E eu interrogo-os para saber mais de mim. Eles fazem mistério. A partir daí, torna-se um vício sentir-me olhado. Torna-se vital. É tudo o que cura o desespero que me mata. Somente através dos teus olhos eu vivo. Não demora! Não durma muito! Não feche os olhos pra mim! Não morra! Debaixo deste espelho, destas profundezas límpidas eu não vejo mais que um ser capaz de fazer sorrir de raiva e chorar de felicidade. Capaz também, de dizer sim aos próprios sentimentos, mas incapaz de me olhar enquanto mente sobre si. Será verdade que quando tudo pode desabar somente o amor pode equilibrar? Porque o amor é tão alucinante no início, mutante em seu meio e destrutivo em seu fim. Contudo é certo que alguns pensam assim quando não há mais nada além deste sentimento para lhes segurar do abismo. Não! (Respiração exageradamente desequilibrada. Abro os olhos. Tento me lembrar de você, mas nem sei que você existe.) “Nada a ser feito!” (A última fala - em aspas - é retirada da peça teatral "Esperando Godot" de Samuel Beckett.)

Um comentário:

  1. Ah! tem muito mais a ser feito do que vc imagina basta apenas vc querer.

    Muito bom! Adorei!

    Um abço!

    ResponderExcluir