As luzes da cidade me dizem algo,
Elas falam baixinho pra mim,
Anunciam um dia triste e frio,
Sem você aqui pra mim.
°°°
Estão amareladas e angustiantes,
Partem-me ao meio seus raios,
Doem-me dentro da cabeça,
Em meio aos meus sonhos,
No infinito do meu coração.
°°°
Vem me dizer algo bom,
Que me tire do sufoco,
Que me traga mais um pouco,
Do docinho dum bombom.
°°°
Vem depressa, presente,
Volta pra onde começou,
Faça as luzes se apagarem,
Muito antes deste ardor.
°°°
E bem longe eu te vejo,
Não te alcanço, mas te sinto,
Mantenho-te tão crescente,
Escuto tuas palavras de amor,
Seus carinhos nos meus pelos,
Tua temperatura, o calor.
°°°
E quando mais longe estou,
Não te encontro em parte alguma,
Não te toco, não tem cura,
Nada muda, tudo é frio.
Volta agora em segredo,
Não me negue nem um beijo,
Um queijo, um café, arrepio,
Seus dedos contornando desejos.
°°°
Sinta-me agora, depois e agora,
Sinto-te, me calo, aquece,
Olhe-me, te olho, alucina,
Sinta-me, me abrace, amasse.
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