quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Degraus.

Olho pra frente e vejo um pequeno degrau. Eu estou num lugar branco e úmido, agradável. Subo o degrau, agora estou num lugar seco e amarelado. Não posso mais voltar, olho pra frente e vejo outro degrau, subo e não vejo nada além de luzes brancas a piscar, sinto tontura e falta de ar. Fico por um instante até que sinto outro degrau sob meus pés, que sobe só. Encontro-me num lago de lamas vermelhas e quentes que fazem transpirar - meus pés formigam e a pele desbota. Um buraco se abre sob a lama e há uma plataforma sinalizando a saída rumo ao desconhecido. A lama escorre facilmente sobre minhas pernas até que me ponho em movimento. Noutro patamar encontro uma raiz silvestre, forte e tão surreal que me laça pra si, e em movimentos circulares me leva a uma superfície porosa e fofa, onde tudo é marrom e morno. Por alguns instantes relaxo, mas umas gotas d’água cada vez mais densas caem em meu corpo, me lavam e me erguem num transbordar, num verde sem fim. Este verde que me rodeia agora trás uma paz tão mítica, que nele poderia esperar um fim. Lanças cortantes me arrancam dali pra um lugar branco e úmido, agradável. Feliz ciclo novo!

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