sábado, 8 de janeiro de 2011

A Cor da Flor - Capitulo 1: Na Vó


(...)
Passei pela padaria do Nadir. A Pães&Petiscos tinha muitos clientes que outrora eram da padoca do Cardoso. Acenei para alguns conhecidos, acendi um cigarro e segui na direção do ponto. No caminho, um bêbado cantando, um mendigo dormindo na calçada abaixo de um muro branco com nomes e números de políticos candidatos a deputado estadual e federal. “Justiça e Igualdade Social”.
“Há, há, há! Bem se vê!”
Fiquei tão concentrado naquilo tudo, analisando o contraste da situação, que quando dei conta de onde estava já havia ultrapassado dois quarteirões do ponto. Mais à frente haveria outro ponto de ônibus, então segui com atenção pra não passar o próximo. E quanto mais se pensa na merda, mais a merda fede. Naquele ponto pra onde seguia, certa vez, voltando da casa da vó parei nele, pois precisava andar um pouco e arejar antes de pisar em casa. Bem, por um lado a merda trás sorte mesmo, neste dia, apenas alguns instantes após descer do ônibus ouvi dois disparos, mesmo assustado corri pra ver o ocorrido e logo avistei o ônibus parado, os passageiros em sua maioria na calçada e em choque. Quando cheguei bem perto pude ver estilhaços de vidro e ouvir um falatório.
“... ele disparou duas vezes de fora do ônibus... anunciou o assalto... partiu pra agressão com alguns... ele pegou tudo rapidinho e saiu... eu abaixei e rezei... os tiros acertaram o pobre do motorista e a senhora, que Deus a tenha, que estava atrás do motorista...”
Quando vi os corpos no ônibus...
“Justamente onde estava sentado. Meu, meu De...”
Sentia náusea, calafrios, sei lá, nem sei descrever.

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