quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Cor da Flor - Capitulo 1: Na Vó


(...)
Ansioso, tirei as roupas e larguei-as no caminho. No banheiro aproveitei pra admirar o que Deus dá. Uma olhadinha de perfil, de frente, de costas, outro perfil... Tudo bem rapidinho pra não botar defeitos. Abri a cortina e lá estava ela, provocante e irresistível, a dúvida: gelado ou pelando? Senti o clima. O clima no banheiro parece invariável quando se está pra resolver este dilema. Vai pelando mesmo, rapidinho, gelado hoje nem pensar. Acho que os chuveiros que estão dentro do orçamento de um escritor, por hobby, e, um “carrega tudo”, por força da sobrevivência, enfim, os chuveiros só vêm com duas estações, uma é a morra de frio e a outra é a queime no inferno, neste caso quase sempre fico com a “sola de sapato” – bife nervoso e tostado. Geral nos amiguinhos do “corram que o dentista vem aí”, um short, uma regata e aquela chinelada. Um minuto de silêncio. Bilhetes? Três pra ir, três pra voltar, isqueiro, cigarros... Xiii... Dinheiro! Uma olhadinha na foto das irmãs Cardoso.
Tranquei a porta, mas não fechei as janelas. Acho que não, com esse tempo, acho que não. Desci as escadas como que flutuando, e lá, bem lá no lugar esperado, como sempre, ela, a mais velha, a Padaria do Cardoso.
“Bom dia Cardoso, Isa, dois maços e um cafezinho, por favor.”
Ela estava meio murcha, mas linda, já o padeiro não disfarçava a péssima noite que passou e a voz enrolada logo cedo. Ele nunca foi de beber. Bebi o café servido num copo americano e paguei.
"Obrigado Cardoso, Isa, até mais."
Saí.




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